Nasce um sorriso

 

Cuidados com os dentinhos dos bebês

devem começar ainda na barriga da mãe

 

 

            Mal nasceram os primeiros dentinhos de leite, e já é hora de o bebê visitar seu dentista. A atuação precoce na cavidade bucal do recém-nascido é fundamental para o bom desenvolvimento de hábitos saudáveis. Uma nova especialidade, a Odontologia intra-uterina e para bebês, surgiu para cuidar da saúde bucal da criança, que nasce livre dos agentes causadores da cárie. E, por incrível que pareça, é a mãe, que fica horas ao lado do bebê, quem oferece maior risco na transmissão da doença.

            Os cuidados com a saúde oral do bebê devem ter início antes mesmo de seu nascimento, com o tratamento adequado da flora bucal da gestante. Uma alimentação saudável, rica em cálcio e pobre em açúcar, só trará benefícios ao bebê. Intensificar a higienização é outro cuidado importante, já que na gravidez a mulher se alimenta em intervalos mais curtos. A consulta periódica ao dentista é imprescindível!

            A higiene bucal da mãe está mais próxima à saúde do bebê do que podemos imaginar. Uma gestante com periodontite (inflamação na gengiva e no osso que envolve os dentes) tem 7,5 vezes mais risco de dar à luz crianças prematuras e de baixo peso.

            A cárie passa de mãe para filho, é uma doença infecciosa e transmissível. Se a criança for contaminada por microorganismos patogênicos antes dos 2 anos de idade, terá chances 10 vezes maiores de desenvolver cárie, se comparada àquela infectada após os 4 anos. A mãe deve modificar hábitos, evitar comer no mesmo talher da criança, dar-lhe beijos na boca e soprar os alimentos. Essa dica também vale para os pais, avós, tias, babás e outras pessoas que cuidam da criança.

            O objetivo é a promoção de saúde, ou seja, manter a saúde bucal do bebê, ao invés de tratar as doenças mais tarde. Pesquisas mostram que a possibilidade de prevenir cáries no primeiro ano de vida do bebê é superior a 95%. Quando a atenção odontológica acontece entre 2 e 3 anos, as chances são reduzidas a 52%.    

            A partir do segundo mês de vida, é recomendada a limpeza da boquinha e da gengiva do bebê com gaze umedecida em água fervida ou filtrada. O hábito pode evitar a candidíase, mais conhecida como sapinho. O atendimento às gestantes e bebês é uma prática muito simples, acessível e oferece inúmeras vantagens. Os pais devem ser dentistas dentro de casa.

            Outra participação fundamental para o sucesso da prevenção é a do pediatra que já acompanha a criança, compreende suas necessidades e conhece bem a família. Os profissionais deveriam ser melhor preparados para os cuidados com a saúde bucal, até mesmo para incentivar os pais a consultar o dentista o mais cedo possível. Ainda há uma concepção totalmente errada de que, por não serem definitivos, os dentes de leite não merecem atenção.

            A amamentação exclusiva no peito é essencial até os 6 meses. Toda criança nasce com a mandíbula um pouco retraída. A amamentação irá estimular o desenvolvimento ósseo, evitando problemas de má oclusão. Também é aconselhável evitar o uso de bicos e mamadeiras.

            Com o aparecimento dos primeiros dentinhos, a mãe deve levar a criança ao dentista. O mais interessante é que, no primeiro ano de vida, o bebê nem costuma chorar. Cadeirinhas especiais, instrumentos adaptados, materiais adequados e a participação direta da mãe durante a consulta ajudam no processo. Na prática, o modelo de atenção precoce permite a formação de bons hábitos até os 3 anos de idade. E eles têm tudo para durar pela vida inteira...

(Artigo publicado no Jornal de Guidoval - Ano 4 - Nº 25 - 13/04/2007)