Combate ao mau hálito (parte 2)

 

A primeira pesquisa no país sobre o mau hálito foi realizada pelo CRO-SP (Conselho Regional de Odontologia de São Paulo), em 2001. Os resultados indicaram que 40% da população brasileira sofre desse mal. O mais preocupante é que, com o passar dos anos, os problemas eventuais podem se tornar crônicos. O hálito costuma variar conforme a idade. Na criança de até cinco anos, é adocicado. No adolescente e no adulto, é neutro. Já entre os idosos, é bem mais forte.

Vergonha, constrangimento, medo de falar em público, dificuldades para levar adiante relacionamentos afetivos, profissionais e isolamento social são alguns dos diversos problemas que atormentam a vida das pessoas que sofrem com a halitose. O curioso em relação ao mau hálito é que muitos portadores não conseguem perceber o odor desagradável que exalam. São os outros que notam e ficam sem jeito de avisar: “Olha, teu hálito não está legal!” Às vezes nem toda intimidade do mundo justifica uma atitude como essa e o fato não é encarado como deveria.

Para aqueles que almejam livrar-se da halitose e para os que temem a possibilidade de sofrer desse mal, tenho uma boa notícia: o mau hálito tem cura quando sua causa principal é tratada adequadamente. É comum uma pessoa apresentar mais de um fator de origem da halitose. E o problema nem sempre é sinônimo de má higiene bucal. O tratamento pode ser bem sucedido, sendo necessário investigar todas as causas para corrigi-las. Toda terapêutica que não busca a origem da halitose é paliativa. Nessa categoria estão os chamados “enxagüantes” bucais, as pastilhas aromáticas, os sprays perfumados e as receitas populares como mascar cravo e gengibre para refrescar o hálito. Todos esses recursos têm ação temporária, neutralizando a halitose apenas por um período. As soluções comerciais para gargarejo também não são úteis. Não se pode confiar nesses produtos “milagrosos”. Eles reduzem o número de bactérias presentes na parte posterior da língua, mas seu efeito é de curta duração. Alguns enxagüantes possuem alto teor de álcool, o que gera uma sensação de ardência. Eles podem até queimar a língua e a mucosa das bochechas, resultando em descamação dessas células e piorando a halitose.

Tanto para a prevenção quanto para o tratamento da halitose, a melhor opção é LIMPAR A LÍNGUA suavemente. A maior concentração de saburra se dá na base da língua, na parte de trás, onde a escova dificilmente alcança. Se alcançar, pode provocar ânsia de vômito. Para isso foi inventado o RASPADOR DE LÍNGUA, dispositivo em forma de “U” ou ferradura, de material plástico, à venda em farmácias. O raspador ou limpador de língua não tem verticalidade suficiente para causar mal-estar. Para limpar corretamente, deve-se esticar a língua para fora e passar o instrumento levemente, desde a base lingual, sempre de trás para frente. O objetivo é remover toda a placa branco-amarelada, com delicadeza, sem machucar. No começo, a pessoa sente um pouco de náusea, mas ela diminui com a prática e o autocontrole desenvolvido. O ideal é usar o raspador três vezes por dia, ou até mais se houver disponibilidade. Esse raspador não é indicado somente para pacientes com halitose, mas sim para a população em geral.

Várias medidas contribuem para combater o mau hálito. Ingerir pelo menos oito copos de água por dia, para ajudar na higienização da boca e estimular a produção de saliva. Tomar um bom café da manhã para limpar a cavidade bucal e manter um fluxo salivar satisfatório. Evitar alimentos que provocam o mau cheiro, como refrigerantes, café, chá preto, ketchup, mostarda, molho curry, pimenta, picles, enlatados, álcool, gorduras, limão, alho, cebola, repolho. Comer muita fibra. Alimentar em intervalos regulares. Escovar os dentes sem pressa. Trocar a escova a cada 60 dias. Passar o fio ou fita dental, caprichosamente, em todos os dentes. Dar maior ênfase à eficiência do que à freqüência da limpeza dentária. Bochechar com água oxigenada 10 volumes. Uma colher de sopa de água oxigenada para meio copo de água morna. A mistura mata as bactérias aeróbias.

O mais importante é não tentar camuflar o problema com balas ou chicletes e procurar a ajuda de um dentista. Ele levantará o diagnóstico correto para descobrir se a halitose é bucal ou sistêmica antes de estabelecer qualquer plano de tratamento. Sendo bucal, ele eliminará a causa e acabará com o mau hálito, definitivamente. Sendo sistêmica, ele irá encaminhar o paciente para um profissional especialista na área. Halitose tem tratamento! FIQUE LIVRE DO MAU HÁLITO!

(Artigo publicado no Jornal de Guidoval - Ano 4 - Nº 18 - 30/06/2006)