Cigarro: apague esse vício

 

O cigarro mata 200 mil pessoas por ano em nosso país. Os homens ainda fumam mais, de acordo com o Projeto Corações do Brasil, da Sociedade Brasileira de Cardiologia. Porém, são as mulheres que enfrentam as maiores dificuldades para largar o vício. Elas entraram no mercado de trabalho sem abrir mão dos cuidados com a casa e com os filhos e vivem em alto grau de ansiedade, o que as leva a fumar para relaxar. Ou, ainda, a usar o cigarro como “muleta” emocional. Outro obstáculo para deixar de fumar está relacionado aos hormônios. A abstinência da nicotina provoca sintomas semelhantes aos da TPM: transtornos de humor, irritabilidade, dificuldade de concentração e insônia. O medo de engordar assombra a maioria dos fumantes. No entanto, depoimentos de pessoas que conseguiram abandonar o vício comprovam que os benefícios compensam, e muito!

O tabagismo está associado a nove tipos de tumor: de pulmão, boca, laringe, faringe, pâncreas, bexiga, rins, colo do útero e esôfago. Danifica as artérias, provocando várias doenças cardiovasculares, especialmente infarto e derrame cerebral. Prejudica a oxigenação da pele, que fica seca, fina e flácida, favorecendo o surgimento de manchas e olheiras. Antecipa o aparecimento de rugas e o envelhecimento precoce. Afeta o raciocínio, a memória, a capacidade de resolver os problemas e acelera o envelhecimento de peças-chave do DNA. Compromete o fluxo de sangue para os ovários, altera a produção de estrogênio e pode antecipar a menopausa. As toxinas do fumo dobram os riscos de ter diabetes.

Na área odontológica vários efeitos adversos, tais como mau hálito, dentes amarelados, gengiva escura, manchada e boca roxa, são freqüentemente observados em fumantes. Há uma relação bem documentada entre o tabagismo e a doença periodontal. Inúmeros estudos indicaram perda óssea elevada associada ao fumo. O cigarro é prejudicial à cicatrização e, conseqüentemente, pode influenciar o resultado clínico de terapias cirúrgicas e não-cirúrgicas, assim como limitar o sucesso da colocação de implantes. Fumantes podem apresentar doença periodontal em uma idade precoce, podem ser difíceis de tratar com terapia convencional e poderão continuar a ter periodontite recorrente ou progressiva, resultando em perda dentária.

O uso de tabaco para mastigar tem sido associado com câncer bucal. Também foram registrados casos de gengivite e resseção gengival na área onde é colocado o tabaco. Pouca informação está disponível quanto aos efeitos do charuto e do cachimbo sobre o periodonto, mas parece que os malefícios são similares aos do uso do cigarro.

O mais interessante é que se a pessoa ficar SEM FUMAR POR:

- 20 MINUTOS: a pulsação volta ao normal

- 2 HORAS: o sangue não tem mais nicotina

- 2 DIAS: o olfato e o paladar já se mostram mais apurados

- 3 SEMANAS: a respiração e a circulação melhoram

- 1 ANO: cai em 50% a probabilidade de uma doença coronariana

- 5 ANOS: o risco de infarto é o mesmo de quem nunca fumou

A guerra contra o vício tem como principal estratégia a mudança de comportamento e a reorganização da vida. Os melhores resultados são obtidos em ações multidisciplinares, que envolvem áreas de medicina, psicologia e nutrição. Diversos métodos podem ser adotados: medicamentos que inibem a compulsão por nicotina, associados ou não a adesivos da substância, homeopatia, hipnose, acupuntura e muitos outros. E então, que tal apagar o cigarro? A missão pode não ser fácil, mas está longe de ser impossível!

(Artigo publicado no Jornal de Guidoval - Ano 4  - Nº 21 - 15/10/2006)